quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

DESEJO POR FAMA


DESEJO POR FAMA
(Mestre Zen Seung Sahn - A Bússola do Zen)
                                                            

           O “desejo por fama” é algo muito interessante. Mais ainda do que o desejo por sexo, é ele que carrega o maior potencial para tornar a mente impura. A maioria das pessoas é apegada a nome e forma. Todos acreditam que “eu sou”. Essa é uma ilusão básica. Nome e forma não têm natureza própria e esse “eu” não existe. Ambos são inteiramente criados pelo pensamento. Mas os seres humanos não se contentam com isso. Eles querem mesmo é que essa ilusão do “eu sou” torne-se cada vez maior, o tempo todo. “Eu sou isso”. “Eu sou aquilo”. “Eu sou um professor brilhante.” “Eu sou um ator famoso.” “Eu sou amigo de fulano e beltrano.” E não se sentem felizes até que os outros reconheçam este “eu sou” e sejam, também, controlados por ele. Na Coreia do Norte, a fonte de crença de um homem no “eu sou”, controla, por completo, a mente de milhões de pessoas mesmo muitos anos após a sua morte! Se você não acredita neste “eu sou,” poderá até mesmo ir para a cadeia ou morrer. Que loucura! Todos os dias nesse mundo, pessoas matam pessoas, simplesmente para proteger seus nomes e reputação. E o sofrimento que é gerado a partir desse impulso não está limitado aos ditadores ou aos criminosos: na maioria dos casos nós competimos impiedosamente uns com os outros na nossa vida diária, com o único propósito de promover o nosso “eu sou” sobre as outras pessoas. Mentimos e enganamos. Discutimos e falamos mal uns dos outros não apenas para nos tornarmos famosos, mas para mostrarmos que o meu “eu sou” é, de alguma maneira, melhor. E toda essa dor e sofrimento vem tão somente de um único pensamento ilusório ao qual somos todos muito apegados: “eu sou.”

                As pessoas passam por muito trabalho para alcançar e manter uma alta posição social. Farão coisas vergonhosas devido ao apego a este pensamento totalmente vazio. Certa vez. Na Coreia, uma mulher da alta classe teve um caso amoroso. Seu marido era ministro do governo. Ela se envolveu com um homem cuja fama era a de ser um Don Juan. No começo, seu único interesse era passar o tempo com aquele homem. Mas, à  medida que o tempo transcorria, ele passou a requisitar-lhe dinheiro, carros e joias. Ameaçou-a de, caso não fizesse o que mandava, trazer o caso a público. Com medo de perder sua posição social, ela dava o que ele pedia. Deixou que a controlasse inteiramente, pios ele tinha sob seu controle o maior medo dela. Finalmente a mulher foi à bancarrota, fazendo vir à tona seu comportamento escandaloso. Sua reputação foi arruinada e, como consequência, ela sentiu como se sua vida tivesse também acabado. Muitas vezes, pensou em cometer suicídio. Tudo isso foi resultado do seu apego ao prazer temporário e completamente vazio ganho através da aprovação dos outros. Quando falamos em “desejo por fama”, não estamos falando apenas do desejo de tornar-se conhecido por várias pessoas. A grande parte das pessoas, quando ouve falar nisso, pensa ser essa uma impureza da mente só de pessoas famosas. Mas, em verdade, esse é o mesmo desejo que temos por algum tipo de aprovação social, respeitabilidade ou popularidade com as pessoas. Desejo esse que é causa de constante sofrimento do nosso dia-a-dia. Sofremos quando os outros não pensam bem de nós. Ficamos enciumados quando as outras pessoas aprovam alguém de que não gostamos. Às vezes, até falamos mal da pessoa para diminuí-la. Adaptamos e mentimos a fim de ganhar a aprovação dos outros. Não queremos ser “deixados de fora.” Na Ásia, muitas são as pessoas que se vestem bem e tentam mostrar aos outros o seu bem-estar material, mesmo que sejam pobres. É com uma competição do “eu”. Eu conheci um homem que tinha um carro muito bom e se vestia com rupas caras, embora trabalhasse num pequeno escritório sem ganhar lá tanto assim. Queria que os outros pensassem que ele era bem sucedido na vida. Em casa, tinha de negar à família certas coisas básicas, fazendo os filhos sofrerem com um padrão social falso, a fim de pode pegar pela tão desejada aprovação social. Da mesma forma, no Japão e na Coreia, muitas pessoas exercem tremenda pressão sobre seus filhos desde o momento em que nascem, para que ingressem em uma boa universidade, somente pelo que isso mostrará sobre os seus pais. Todos os anos, vários alunos japoneses e coreanos suicidam-se por não haverem logrado um lugar em uma universidade de gabarito e terem envergonhado seus pais. Tudo isso provém da ilusão básica da mente (apegada) num “eu sou,” uma ilusão que as pessoas aplicam a si mesmas e aos outros.

                No entanto, se você meditar corretamente, perceberá que esse “eu” em verdade, não existe. E já que esse “eu” não existe, então o que é que pode se tornar famoso ou ganhar aprovação dos outros? Se as pessoas se dessem conta de que esse “eu” não existe, não sofreriam tanto – e tampouco causariam tanto sofrimento a outros – a fim de conferir alguma reputação ou fama a esse “eu”. Tampouco se importariam quando outra pessoa parecesse mais querida do que elas próprias: o ciúme dos outros não apareceria. Esse “eu” simplesmente não existe em lugar algum. É por isso que, se você meditar, compreenderá que o desejo pela fama é uma impureza.

sábado, 3 de dezembro de 2016

ACEITANDO NOSSAS FALHAS - GODWIN SAMARARATNE

Sujeito a cometer erros


 Godwin Samararatne
    Um aspecto em que precisamos de usar a bondade amorosa é aprendermos a nos relacionar com as nossas falhas, as nossas fraquezas. Quando cometemos um erro, como nos relacionamos com isso, usando a bondade amorosa? Porque todos somos humanos – e é muito bom que sejamos todos humanos – mas como somos humanos, estamos sujeitos a cometer erros. E, quando cometemos erros, como podemos usar a bondade amorosa numa tal situação? O que fazemos quando cometemos um erro? Damos imediatamente um grande sinal de ‘menos’ para nós?
Traduzido pelo Grupo de Tradução do Nalanda

KARMA: eles merecem? - Ajahn Santikaro

  KARMA: eles merecem? (Reflexões sobre o atentando ao World Trade Center) Por Ajahn Santikaro Tradução: Centro Buddhista Nalanda Tr...